À eclosão da Primeira Guerra Mundial, somente umas pouquíssimas pessoas
pensavam no aeroplano como possível instrumento bélico. A maioria limitava-se
ao uso de tarefas de reconhecimento: serviria de "olhos situados além das
linhas inimigas". De resto, o aeroplano militar tipo 1914, sem posse de
armas, com velocidade de 80 a 120 km/h, teto de 3.000m e reduzido raio de ação,
não encorajava propósitos mais ambiciosos. Também por este motivo os
beligerantes começaram as operações com número muito exíguo de aeroplanos. No
curso de poucos meses, os fatos fizeram modificarem-se as opiniões até dos elementos
mais cépticos. Aqueles aeroplanos de madeira e de tela, sem instrumentos de
navegação, pilotados por homens corajosos, (pois não dispunham sequer de paraquedas), começaram a chamar a atenção geral, por meio de uma série de ações
sensacionais. Depois, no decorrer dos anos, a aviação saiu da adolescência e se
impôs, em termos militares, como um fator importante para a vitória. Em cinco
anos, nos países que estiveram em guerra, construíram-se cerca de 177.000
aeroplanos: é uma cifra já dá vertigem, quando se pensa que, do ano de 1903 a
agosto de 1914, a produção mundial, total fora pouca coisa mais além de
10.000 unidades. No curso do conflito armado, o aeroplano militar se
transformou, a pouco e pouco, para se adequar às exigências e às incumbência
que se lhe impunham. Do lento aparelho de reconhecimento, desenvolveu-se o
avião de "caça monoposto", armado de metralhadora, sendo esta,
primeiro manual e, depois, automática; desenvolveu-se o avião de bombardeiro
leve e pesado; o avião de ataque contra o solo; o de reconhecimento veloz; o de
reconhecimento marítimo, e assim por diante. Em 1918, já existiam aviões de
caça em condições de atingir 200 km/h, armados com duas metralhadoras, capazes
de voar a 6.000 m de altura; bombardeiros que transportavam até 1.500 kg de
bombas, a 140 km/h, a 4.500 m de altura, com um raio de ação de mais de 500 km!
Características muito diferentes das dos aviões de 1914.
Durante a guerra, nasceu o primeiro aeroplano do mundo, inteiramente
metálico, projetado por Hugo Junkers, e foram criados motores cada vez mais
poderosos e, em proporção, mais leves. O desenvolvimento técnico que se
conseguiu, entre 1914 e 1918, foi inacreditável. Para se concluir, a Primeira
Guerra Mundial, com todos os seus lutos e horrores, foi, não obstante, um fator
decisivo a favor da afirmação definitiva do "mais pesado que o ar".
Se isto ocorreu, deve-se em parte, aos projetistas e aos técnicos, porém, e
sobretudo, aos pilotos que fizeram do aeroplano uma coisa viva e palpitante.